4 de julho de 2011

Let's Rock

Mário Quintana, há alguns anos atrás, publicava um livro chamado "Velório sem defunto". Em uma de suas páginas, encontrei o seguinte:
"O rock é o desespero,
Como se eles estivessem não apenas no fim de um século
Mas no fim do mundo e, por isso,
Berram em vez de cantar,
Pulam em vez de dançar,
Estupram-se em vez de simplesmente se amarem...
E fazem de tudo, tudo,
No seu suicídio coletivo!"
Obrigada, Quintana. Melhor definição que a sua para o velho rock'n roll ainda não foi criada. Sou mulher, tenho seios crescidos, meu órgão genital é interno e depilo pernas e bigode. Há quem diga que rock é um estilo musical masculino, concordo. E acho ótimo. Afinal, rockeiros são sempre muito atraentes.
Mas, penso que o rock está muito além de definições e rótulos, de gritarias, de suicídios. Para alguns, e isso me inclui, é uma filosofia (de vida?) (que exagero). Digo filosofia, porque, a partir do momento em que ele entra na sua vida, permanece, torna-se rotina. Não descartemos os tantos outros bons estilos musicais, pelo contrário. Cada qual merece respeito e tem seu valor. Mas p****, Rock'n Roll Forever! É sempre aquela loucura, aquele desapego, aquele chacoalhar de cabelos, aquele suor coletivo, aquela cerveja gelada e a técnica musical inconfundível e infalível dos músicos. É sempre aquele teatro, aquele agudo, aquelas vestes, aqueles saltos, aquelas maquiagens. É sempre uma doação.
O rock embalou minha infância, junto com a literatura. Em uma das mãos eu levava Alladin, na outra, uma fita surrada do Raul Seixas. As lições de casa eram feitas ao som de Raulzito.
Meu pai, um dia, me apresentou "Mosca na sopa". Não foi proposital, a intenção dele era apenas me mostrar uma música engraçada. Não o culpo por não entendê-la, afinal ele não é nem um expert em música, e Deus me livre que fosse. Mas foi esse leigo musical, esse maluco beleza do interior do RS, que me mostrou o melhor da música. A sua favorita diz o seguinte: "eu perdi o meu medo da chuva, pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar." Pai, falhei nos teus ensinamentos e não perdi o medo da chuva. Mas Raul Seixas é tatuagem no meu corpo. Graças a ti.
Hoje, com 19 redondos anos, o rock é o que me leva... rock clássico de manhã cedinho à caminho do trabalho. Um mais pesadinho aí pelas 10 horas da manhã. E um rockinho choroso as 10:30h da noite à caminho de casa. Iron Maiden para as faxinas aos sábados. Black Sabbath para passar roupa nos domingos. E aquela sensação de que a vida poderia ser só isso: uma melodia perfeita, sem erros, com alguns acordes surpresa. Uma poesia de Neruda, apaixonada. Um suicídio à lá Elvis... "let's rock, everybody, let's rock, was dancin' to the jailhouse rock!" LET'S ROCK!

Nenhum comentário:

Postar um comentário