27 de março de 2012

Entrevista de Jayme Monjardim sobre a as filmagens de "O tempo e o vento", clássico do escritor gaúcho Érico Veríssimo.

"Eu acho que O Tempo e o Vento está acima do Rio Grande do Sul. Essa obra é tão grandiosa que é uma obra para ser vista, lida e discutida em termos mundiais."

http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/segundo-caderno/noticia/2012/03/confira-entrevista-com-jayme-monjardim-sobre-as-filmagens-de-o-tempo-e-o-vento-3706795.html

23 de março de 2012

 (Imagem: Antônio Costa)
319 anos é pra poucos, heim?
Pois é.. no dia 29 de março Curitiba faz aniversário.
E eu fico pensando.. o que comemorar?
Ora bolas, tantas coisas! Se você vive aqui, sabe do que falo.. ou não. Se você não vive, eu explico..
Minha relação com a cidade modelo é de amor e ódio. Bem Dalton Trevisan, sabe?
Quando cheguei aqui, há três anos atrás, me senti uma criança descobrindo o mundo. O mundo mesmo, de verdade, com doces e travessuras, feios e bonitos. Descobri uma história de colonização diferenciada, uma verdadeira colcha de retalhos: retalhos poloneses, alemães, italianos, ucranianos. Descobri uma literatura rica, riquíssima, pela qual morro de amores e defendo a ferro e fogo; literatura essa, feita do cotidiano do curitibano. Descobri também, o teatro, cinema, a dança. E aprendi a ver beleza e poesia em (quase) tudo: nos biarticulados lotados, onde sempre tem alguém contando alguma história interessante, gargalhando ou lendo uma obra bacana; no casal de mendigos que dorme abraçado, envoltos em um cobertos rosa cheio de I love you's, na esquina do meu trabalho; nos pombos que habitam a praça Rui Barbosa; no cheiro da pipoca com rodelas de maçã, que parece desenhar caminhos no ar, como nos desenhos animados; na chuva que cai um dia sim, outro também; no calor que faz um dia sim, outro também; na tradicional Feira do Largo, minada de figuras interessantes e cheias de histórias; no silêncio do curitibano.
Comemora-se Curitiba todo dia. Viver nela é uma tarefa difícil e perigosa. E é isso que comemoramos.
Tornar-se curitibano também é uma tarefa difícil: exige longos períodos de observação e silêncio. Além disso, é preciso aprender a ter medo. Aprender a desconfiar. Pensar rápido.
Mas, sobretudo, é preciso aprender a amar Curitiba, na sua totalidade. Amar seus palacetes antigos, seus shoppings de primeiro mundo, suas ruas históricas, as esquinas, as praças, os bares. Amar as prostitutas, os mendigos, os catadores de papel, vendedores de sonho, jornaleiros. Amar sua cracolândia. Sua biblioteca. O bondinho. O Homem Nu. Amar Curitiba.

Quando dizia que minha relação com a capital paranaense é de amor e ódio, é porque o amor é um sentimento muito instável, não acham? Se minha justificativa não convenceu, sinto muito.
Mas hoje, nesse momento, adoro viver aqui. Amanhã já não sei.

 (Imagem: Albari Rosa)

"Curitiba sem pinheiro ou céu azul pelo que vosmecê é - província, cárcere, lar - esta Curitiba, e não a outra para inglês ver, com amor eu viajo, viajo, viajo."
Dalton Trevisan

 
(Imagem: Albari Rosa)

As fotos maravilhosas que ilustram esse texto foram extraídas daqui:
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/aniversariodecuritiba/ensaio/

Um projeto show de bola, onde jornalistas fotografam a aniversariante de diversos ângulos e publicam, um por dia, as imagens. O resultado não poderia ser mais bonito!

21 de março de 2012

Era um pacato cidadão sem documento
Não tinha nome profissão não tinha tempo
Mas certo dia deu-se um caso
E ele embarcou num disco
E foi levado pra bem longe
Do asterisco em que vivemos

Ele partiu e não voltou
E não voltou porque não quis
Quero dizer ficou por lá
Já que por lá se é mais feliz

E um espaçograma ele enviou
Pra quem quisesse compreender
Mas ninguém nunca decifrou
O que ele nos mandou dizer
Terra mar e ar atenção
O futuro é hoje e cabe na palma da mão

Para azar de quem não sabe e não crê
Que se pode sempre a sorte escolher
E enterrar qualquer estrela no chão
Viet vista visão viet vista visão


Terra mar e ar atenção
Fica a morte por medida
Fica a vida por prisão

Daqui pra lá, de lá pra cá .. Linda música do Fagner e Zeca Baleiro, linda música

14 de março de 2012

Aqui jaz um grande poeta...



Essa é a casa de Paulo Leminski, no Cemitério Água Verde. Menos florida, aconchegante e movimentada do que a casa do Pilarzinho.

Não sei.. gostaria de escrever algo bom, bacana e bonito, mas nada me ocorre.
Esse meu silêncio, ao contrário do silêncio do poeta, não é poesia.. é tristeza.

É estranho você ler e venerar tanto a obra de um poeta, e, frente ao túmulo, entender que ele era tão humano quanto qualquer outro. Estranho e bonito.. revelador. Lindo.
Porque a tristeza? Porque ele está abandonado, sozinho.
Egoístas nós, leitores, que lembramos tão pouco do poeta..
Ele, ao contrário, nos deixou uma solidão povoada de palavras, versos e imagens. Poesia.
Obrigada, Leminski.


PS.: Ao meu querido Jeander, obrigada pelas fotos.

9 de março de 2012

Alguns haikais do mestre Basho

quantas memórias
me trazem à mente
cerejeiras em flor

--

ao sol da manhã
uma gota de orvalho
precioso diamante

--

fogos de artifício terminaram
os espectadores se foram
ah! O vasto espaço

1 de março de 2012


Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto