23 de março de 2012

 (Imagem: Antônio Costa)
319 anos é pra poucos, heim?
Pois é.. no dia 29 de março Curitiba faz aniversário.
E eu fico pensando.. o que comemorar?
Ora bolas, tantas coisas! Se você vive aqui, sabe do que falo.. ou não. Se você não vive, eu explico..
Minha relação com a cidade modelo é de amor e ódio. Bem Dalton Trevisan, sabe?
Quando cheguei aqui, há três anos atrás, me senti uma criança descobrindo o mundo. O mundo mesmo, de verdade, com doces e travessuras, feios e bonitos. Descobri uma história de colonização diferenciada, uma verdadeira colcha de retalhos: retalhos poloneses, alemães, italianos, ucranianos. Descobri uma literatura rica, riquíssima, pela qual morro de amores e defendo a ferro e fogo; literatura essa, feita do cotidiano do curitibano. Descobri também, o teatro, cinema, a dança. E aprendi a ver beleza e poesia em (quase) tudo: nos biarticulados lotados, onde sempre tem alguém contando alguma história interessante, gargalhando ou lendo uma obra bacana; no casal de mendigos que dorme abraçado, envoltos em um cobertos rosa cheio de I love you's, na esquina do meu trabalho; nos pombos que habitam a praça Rui Barbosa; no cheiro da pipoca com rodelas de maçã, que parece desenhar caminhos no ar, como nos desenhos animados; na chuva que cai um dia sim, outro também; no calor que faz um dia sim, outro também; na tradicional Feira do Largo, minada de figuras interessantes e cheias de histórias; no silêncio do curitibano.
Comemora-se Curitiba todo dia. Viver nela é uma tarefa difícil e perigosa. E é isso que comemoramos.
Tornar-se curitibano também é uma tarefa difícil: exige longos períodos de observação e silêncio. Além disso, é preciso aprender a ter medo. Aprender a desconfiar. Pensar rápido.
Mas, sobretudo, é preciso aprender a amar Curitiba, na sua totalidade. Amar seus palacetes antigos, seus shoppings de primeiro mundo, suas ruas históricas, as esquinas, as praças, os bares. Amar as prostitutas, os mendigos, os catadores de papel, vendedores de sonho, jornaleiros. Amar sua cracolândia. Sua biblioteca. O bondinho. O Homem Nu. Amar Curitiba.

Quando dizia que minha relação com a capital paranaense é de amor e ódio, é porque o amor é um sentimento muito instável, não acham? Se minha justificativa não convenceu, sinto muito.
Mas hoje, nesse momento, adoro viver aqui. Amanhã já não sei.

 (Imagem: Albari Rosa)

"Curitiba sem pinheiro ou céu azul pelo que vosmecê é - província, cárcere, lar - esta Curitiba, e não a outra para inglês ver, com amor eu viajo, viajo, viajo."
Dalton Trevisan

 
(Imagem: Albari Rosa)

As fotos maravilhosas que ilustram esse texto foram extraídas daqui:
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/aniversariodecuritiba/ensaio/

Um projeto show de bola, onde jornalistas fotografam a aniversariante de diversos ângulos e publicam, um por dia, as imagens. O resultado não poderia ser mais bonito!

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