9 de dezembro de 2011

Milton Hatoum, o arquiteto das palavras


A literatura é um refúgio. E, muitas vezes, uma válvula de escape para os escritores e leitores. Já sabemos disso. Porém, não é algo assim tão surreal e divino, não. Escrever é, antes de tudo, um trabalho braçal, cansativo e que requer prática e treinamento. Escrever é estar, antes de tudo, preparado para dar vida à novas vidas. O bom escritor não viaja em outros planos astrais, não toma chás de cogumelos para despertar alguma inspiração dentro de si, não é tocado por dedos mortos de falecidos poetas.. o bom escritor conhece a língua e trabalha com ela, é o arquiteto da língua. Constrói estruturas complexas, camada por camada. Escrever é o seu trabalho. Milton Hatoum, em conversa na Biblioteca Pública do Paraná, comprova, para que ninguém tenha dúvidas, porque é considerado um dos maiores escritores contemporâneos: sua obra é, tal qual uma construção, arquitetada sob o olhar atento e crítico de um homem lúcido, inteligente e sensato. Enquanto falava, imaginei como seria a “construção” de um romance.. e me perdi na planta.. Concluo, então, que escrever vai além de escrever. Ler não é ler. Não lemos o que está escrito. Lemos o que está escondido nos buraquinhos dos tijolos.. sabe? Como se a narrativa fosse um prédio sem cor, o qual, a cada leitura, fossêmos acrescentando cores, pintando as janelas, as paredes, o telhado, os rodapés. O escritor é um leitor. O leitor é um escritor. E só na literatura isso é possível.


Mais sobre Milton em: http://www.miltonhatoum.com.br/


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