Há alguns meses descobri um poeta irlandês: William Butler Yeats. Uma deliciosa
descoberta. Encantei-me por um poema, em especial: “Down by the Sally
Gardens”. Nele, temos uma triste história de amor que não se realizou e
uma vida que passou despercebida: simplesmente passou. Recheado de
metáforas, o poeta reflete sobre o quanto a vida é efêmera, passageira, e
o quanto essa passagem pode ser dolorosa. O eu-lírico dialoga com seu
passado, vivendo um constante ir e vir. Ao voltar, delicia-se revendo
imagens. O presente, em contrapartida, é doloroso, triste e melancólico;
“and now am full of tears”.
Ao terminar o parágrafo acima, uma canção de outro grande poeta me
veio à cabeça: “alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz
no coração (…) mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de
tristeza, senão não se faz um samba, não.” No “Samba da bênção” Vinicius
brinca com o paradoxo entre tristeza e felicidade, evocando toda sua
tristeza para fazer seu bom e eterno samba. E quanta coisa boa surgiu da
tristeza, não? Vinicius de Moraes e W.B Yeats (e tantos outros) que o
digam. E quanto a mim, quero mais é ficar triste!
Down by the salley gardens my love and I did meet;
She passed the salley gardens with little snow-white feet.
She bid me take love easy, as the leaves grow on the tree;
But I, being young and foolish, with her would not agree.
In a field by the river my love and I did stand,
And on my leaning shoulder she laid her snow-white hand.
She bid me take life easy, as the grass grows on the weirs;
But I was young and foolish, and now am full of tears.
She passed the salley gardens with little snow-white feet.
She bid me take love easy, as the leaves grow on the tree;
But I, being young and foolish, with her would not agree.
In a field by the river my love and I did stand,
And on my leaning shoulder she laid her snow-white hand.
She bid me take life easy, as the grass grows on the weirs;
But I was young and foolish, and now am full of tears.
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