A proposta que segue diz respeito à legalização da maconha, a partir de sua regularização no Uruguai a duas semanas.
Texto I
A resposta da Califórnia - Mário Vargas Llosa
Publicado em: Estadão, 07 de novembro de 2010.
[...] Esta solução passa pela descriminalização das drogas, ideia que há pouco tempo era inaceitável para a maior parte de uma opinião pública convencida de que a repressão policial aos produtores, vendedores e usuários de entorpecentes seria o único meio legítimo de pôr fim a semelhante praga.
[...] Os milhões de eleitores californianos que votaram a favor da legalização da maconha são um indício auspicioso de que cada vez é maior o número daqueles que pensam que chegou a hora de uma mudança na política para lidar com as drogas e de uma reorientação dos esforços - de repressão e prevenção, de cura e informação - no sentido de acabar com a criminalidade desaforada que é criada pela proibição e com os estragos que os cartéis estão infligindo às instituições democráticas, principalmente nos países do terceiro mundo. [...]
A legalização das drogas não será fácil, é claro, e num primeiro momento, como assinalam seus detratores, trará sem dúvida um aumento no seu consumo. Por isso, a descriminalização só tem razão de ser se for acompanhada de intensas campanhas de informação sobre os prejuízos que esse consumo implica[...]
Mas seu efeito mais positivo e imediato será a eliminação da criminalidade que prospera exclusivamente graças à proibição. [...] Como o problema da droga é fundamentalmente econômico, sua solução também precisa passar pela chave econômica.
[...] seus adversários respondem com um argumento moral. "Será que devemos nos render ao delito em todos os casos nos quais a polícia se mostre incapaz de deter o delinquente, optando, assim, por legitimá-lo? Não se deve confundir as coisas. Um Estado de direito não pode legitimar os crimes e os delitos sem negar a si mesmo e converter-se num Estado bárbaro. E um Estado tem a obrigação de informar seus cidadãos a respeito dos riscos que estes correm ao fumar, beber álcool e usar drogas, é claro. [...] Mas não me parece muito lógico nem coerente que, sendo esta a política seguida por todos os governos em relação ao tabaco e ao álcool, não seja esta a política seguida também para o caso das drogas [...].
Liberdade. Por isso, não vejo por que o Estado teria de proibir uma pessoa adulta e dona do próprio juízo de causar mal a si mesma ao fumar maconha, cheirar cocaína ou encher-se de pastilhas de ecstasy se isto lhe agrada, alivia sua frustração ou sua apatia. [...] É perigosíssimo que o Estado comece a definir aquilo que é bom e saudável e aquilo que é ruim e prejudicial, pois tais decisões representam uma intromissão na liberdade individual, princípio fundamental de uma sociedade democrática.
Por este rumo podemos chegar sem perceber ao desaparecimento da soberania individual e a uma forma disfarçada de ditadura. E as ditaduras, como sabemos, são para os cidadãos infinitamente mais mortíferas do que os piores entorpecentes.
Texto II
Publicado em: Zero Hora, 31/07/2013.
Texto III
Publicado em: Zero Hora, 08/09/12
A
legalização no Uruguai - Informações
•Venda
da droga em farmácias: 400 gramas por usuário por mês;
•Registro,
maioridade e residência no país;
•Cultivo:
até seis pés;
•Criação
de órgão para fiscalização e controle da produção;
•Planos
de prevenção ao consumo;
•Proibição
de propagandas e venda a menores de 18 anos.
Campanhas
de prevenção às drogas - Brasil
Filmes sobre a maconha - contextualização
Super
High Me, 2007
Nome
original: Super High Me
Diretor: Michael Blieden
Sinopse: Através
de um formato documental, Super
High Me faz
uma sátira/cópia de Super Size Me. Contudo, vemos o comediante americano Doug Benson utilizar como pesquisa
principal a maconha e não os fast-foods. Ele passa 30 dias sem consumir cannabis e,
posteriormente, 30 dias consumindo a erva. O documentário apresenta todos os
exames médicos sem e com a influência da maconha. Apesar dos quilinhos a mais,
o resultado final é surpreende.
Um
documentário expressivo e divertido sobre a história da maconha nos Estados
Unidos no século 20. Do diretor canadense Ron Mann, é um documentário
instigante e polêmico, inédito no Brasil, que foi aclamado nos países onde pôde
ser apresentado. Com uma linguagem moderna, o filme conta a história secreta da
proibição da maconha, mostrando os interesses políticos e econômicos por trás
dela. Maconha se
baseou numa imensa pesquisa histórica e traz imagens surpreendentes de antigas
campanhas publicitárias anti-drogas. Foi eleito como o melhor documentário de
2000 pela Academia Canadense de Cinema e TV.
A
União – O Comércio Por Trás do “Ficar Chapado”
O
comércio ilegal da maconha se transformou em um grande negócio, que movimenta
$7 bilhões de dólares anualmente apenas no Canadá. Embora o documentário aborde
de forma sucinta os princípios e políticas passadas que classificaram a maconha
como "uma droga poderosa e perigosa", apresenta uma pergunta bastante
válida. Por quê? O documentário mostra como os cultivos caseiros se
transformaram num negócio multibilionário. Mesmo assim, a sociedade recusa a
aceitar seus benefícios naturais e continua a gastar milhões para processar e
prender aqueles que a cultivam, vendem ou fumam. O documentário entrevista
historiadores, escritores, estudiosos, policiais, representantes do governo,
cultivadores e celebridades (Tommy Chong, Joe Rogan) dos EUA e Canadá,
analisando a causa e efeito da natureza do negócio - uma indústria que
pode lucrar mais se permanecer ilegal.
Quebrando
o tabu - 2011
Quebrando
o Tabu escuta vozes das realidades mais diversas em busca de soluções,
princípios e conclusões. Bill Clinton, Jimmy Carter e ex-chefes de Estado, como
Colômbia, México e Suíça, revelam como mudaram de opinião sobre um assunto que
precisa ser discutido e esclarecido. Do aprendizado de pessoas comuns, que
tiveram suas vidas marcadas pela Guerra às Drogas, até experiências de Dráuzio
Varella, Paulo Coelho e Gael Garcia Bernal, Quebrando o Tabu é um convite a
discutir o problema com todas as famílias.
Pontos e contrapontos para reflexão
Uso
medicinal x Distúrbios psíquicos
Gastos
com a repressão x Gastos com testes,
tentativas
Rebeldia
e transgressão do jovem x Maior consumo
Crime
organizado x Mercado negro
Redirecionamento
dos esforços policiais
População
penitenciária e ressocialização
Campanhas
publicitárias adequadas
Mercado
secundários
Oferecimento
de outras drogas x “Porta de entrada”
Fracasso
da repressão nos EUA x Fracasso da
descriminalização
PRODUÇÃO DE TEXTO
A partir da leitura dos textos apresentados, produza um texto dissertativo-argumentativo posicionando-se a favor ou contra a legalização da maconha no Brasil. Seu texto deve:
* Apresentar dados concretos para embasar seu argumento;
* Trazer um exemplo de local no qual a descriminalização foi benéfica ou a política de repressão foi maléfica;
* Se FAVORÁVEL, seu texto deve:
Apresentar dois motivos que tornam o Brasil “capaz” de legalizar a droga.
* Se CONTRÁRIO, seu texto deve:
Apresentar dois motivos que tornam o Brasil “incapaz” de legalizar a droga.
Faça de 12 a 15 linhas ou até 30 linhas (ENEM).